quinta-feira, 26 de março de 2009

quarta-feira, 25 de março de 2009

Tribo Aimoré

Tribo aimoré

Os principais representantes do ramo tapuia habitavam uma faixa de terra paralela ao litoral, do rio São Francisco ao cabo Frio.

Em lutas contínuas com os tupinambás e os tupiniquins foram, depois de rechaçados, obrigados a emigrar para o sertão.

Os aimorés não deram tréguas aos colonizadores das capitanias de Ilhéus e Porto Seguro.

Esses índios eram altos e robustos, de pele clara, atribuído ao fato de só andarem pelo interior da selva, onde os raios solares não penetravam com tanta intensidade. Possuíam o costume de depilar totalmente o corpo raspando com uma "navalha" de taquara o cabelo da cabeça.

Viviam peregrinando pela floresta, sem casa, sem conforto e sem agasalhos. Dormiam no chão, pois não tinham conhecimento do uso da rede e conta-se que, quando chovia, procuravam refúgio na copa verdejante das árvores.

Mais sobre a Tribo Aimoré:

Além da caça, nutriam-se de frutos silvestres, que existiam em abundância pela selva imensa e da pesca.

Os aimorés divagassem pela mata não somente pela coleta, mas também pelo seu espírito guerreiro.

Na guerra dos aimorés não havia nem chefe, nem borés, nem trocanos, nem guerreiros procurando lutar frente a frente. Pelejavam rastreando pela mata, como sáurios, e armando emboscadas em pequenos grupos.

Quando caíam prisioneiros recusavam-se à comer e quase sempre morriam de inanição e talvez, também de saudade da vida liberta que levavam.

Os Aimorés, empurrados pela expansão dos colonos, se deslocaram de norte para sul, passando a ser conhecidos como botocudos, a partir do século XVIII.

OS BOTOCUDOS

O nome Botocudo utilizado pelos colonos, para designar esses índios, advêm do uso de adornos (botoques) labiais e ouriculares que utilizavam.

Sobre o genérico nome "botocudo" eram conhecidos os índios das etnias Pojixá, Jiporok, Naknenuk, Nakrehé, Etwet, Krenak, entre outras... Os botocudos foram caçados de forma vil e cruel pelos portugueses e os únicos sobreviventes são os Krenak, que vivem hoje no norte de Minas Gerais e não usam mais os antigos botoques.

Cada grupo tinha seu modo de viver, com seus costumes particulares, mas todos eles falavam a mesma língua, mas, com alguns dialetos que eram compreendido entre os vários grupos.

Na vida religiosa, mantinham um contato constante com o mundo dos espíritos.

Os Botocudos contavam que os adornos labiais e ouriculares eram uma indicação de seu herói-cultural, chamado Marét-Khamaknian, que vivia no céu. Acreditavam que através dos seus sonhos era possível visitar o mundo dos Marét, repleto de fartura e riquezas. Por intermédio desse contato, estabeleciam seguimentos de suas vidas humanas e até mesmo previsões futuras relacionadas à comunidade, ou grupo pertencente.

O herói atendia aos pedidos da comunidade mas também enviava castigos na forma de tempestades e na morte, provocada por uma flecha invisível que atingia o coração dos índios. Marét-Khamaknian vivia com uma mulher chamada Marét-Jikki (a velha Jikki), mas o casal não se dava muito bem e suas brigas eram a explicação para as diferentes fases da lua.

O rituais religiosos eram realizados pelos mais velhos ou pelo pajé. Tinham o costume de acender fogueiras e realizar oferendas aos mortos, para que não retornassem para buscar algum membro da tribo.

Os Botocudos viviam em total harmonia com a Natureza e com seus parentes. Esse modo de ser e viver só ficou ameaçado com a chegada dos colonos, que ocuparam a extensão do Rio Doce, em busca das minas de ouro. O embate entre os índios e os colonos ocorreu principalmente em Minas Gerais e Espírito Santo.

Guerra

A partir do século XVI iniciou-se os contatos entre os portugueses e os índios do interior de Minas, Bahia e Espírito Santo. Nesse período as entradas chefiadas por Francisco Bruzza de Spinosa e de Salvador Correa de Sá encontraram os Aimorés nas proximidades dos rios Pardo, Jequitinhonha e Doce. Após o contato com o homem branco, os aimorés que sobreviveram as epidemias e as tentativas de aldeamento, fugiram embrenhando-se pelos sertões do Leste, mais precisamente para as faixas de terras que costeavam os vales dos rios Doce, Jequitinhonha e Mucuri.

Em Minas Gerais, as povoações mineradoras de Vila Rica e Mariana foram atacadas pelos aimorés que, posteriormente passaram a ser conhecidos por Botocudos de Minas.

Os Botocudos, segundos recentes investigações de DNA, são os atuais Krenak, que vivem hoje no Município de Resplendor, no Vale do Rio Doce. A população é composta de 250 indígenas, que ocupam uma área demarcada de 4.200 hectares, conquistada após anos de luta. Os ancestrais Botocudos eram ágeis guerreiros e faziam trincheiras e armadilhas e os mais jovens organizados em uma comitiva vinham à frente para proteção das mulheres, crianças e anciões.

O contato desses índios com os portugueses foi manchado de sangue e muita violência. Em 13 de maio de 1808, Dom João VI declarou a "Guerra Justa" aos Botocudos, pois, segundo ele, os indígenas estariam inviabilizando os projetos de desenvolvimento de interesses nacionais. Com base nessa tese foi criada uma política de militarização para dizimar e ocupar as terras dos Botocudos. Uma dessas divisões militares era chefiada por Teófilo Otoni (1858), a Companhia da Mucuri, que relacionou como rotinas de guerra os seguintes procedimentos:

"a) cães especialmente treinados na caça aos Botocudos, alimentados inclusive com carne de indígenas assassinados;


b) bandeiras especialmente preparadas para "matar uma aldeia", assassinando-se indiscriminadamente homens, mulheres, velhos, moços, reservando-se apenas as crianças para o trafico e alguns homens para carregadores;


c) índios recrutados como soldados estimulados a cometerem violências contra os Botocudos, dando provas de renegar suas origens;(...)


d) comércio de crianças - 1Krenak valendo uma espingarda - e de cabeças de Botocudos mortos em combate - dezesseis delas foram vendidas a um francês que disse tê-las comprado para o museu de Paris em 1846;


e) índios sob o regime de trabalho escravo, espoliados de suas terras, doentes e mal alimentados;


f) contaminação proposital de comunidades inteiras através de agentes patogênicos letais para o indígena - sarampo, por exemplo." (Marcato, 1979:18 apud Mattos, 1996, p.71)

Em 1823 após a Guerra Justa, houve uma tentativa de pacificação pelo francês Guido Marliére, inspetor de todas as Divisões Militares do Rio Doce. Também incentivou os casamentos entre índios e não-índios, idéia que não foi bem aceita pelos colonos. Missionários Capuchinhos foram levados à área, como outra alternativa à pacificação, mas fracassaram.

A ocupação do Vale do Rio Doce só acabou acontecendo no início do século XX, a partir da construção da estrada de ferro Vitória-Minas, pela atual Companhia Vale do Rio Doce.

Os Botocudos sobreviventes, das guerras coloniais, tiveram então que enfrentar as conseqüências da construção da estrada de ferro, que acarretou em uma diminuição ainda maior de seu povo.

Os índios chamavam a Maria-Fumaça que percorria os trilhos de "Guapo", que significa monstro que vomita fogo. Os Krenak não aceitaram a invasão do 'Guapo" que cortava seu território e faziam expedições à noite para arrancar seus trilhos.

A construção da estrada de ferro trouxe à região toda a espécie de trabalhadores, agricultores, pecuaristas, madeireiros, exploradores de pedras, surgindo e, seguida, vilas e arraiais. Tal aumento populacional acarretou um maior número de conflitos com os índios Krenak.

No ano de 1910, os Krenak foram agrupados pelo Serviço de Proteção ao Índio (SPI), numa área a 16 Km da atual cidade de Resplendor. Mesmo assim os conflitos continuaram acontecendo e por duas vezes (1956 e 1972), os índios foram retirados de suas terras pelos governo federal e estadual, resultando em uma grande dispersão do povo Knenak para os estados de São Paulo, Mato Grosso e Minas Gerais.

Somente em 1997, os Krenak são reintegrados no território que lhes foi doado no ano de 1920. Infelizmente, esse território não é mais o que viveram em época passadas, pois encontra-se totalmente esvaído de seus recursos naturais.

Localizado no município de Resplendor (MG), o Posto Indígena Krenak ocupa atualmente uma área de 3.983 ha. que lhes foi doada em 1920 pelo então Presidente do Estado de Minas Gerais, Sr. Arthur da Silva Bernardes, através da lei n. 788 de 18 de setembro de 1920. As principais atividades econômicas dos Krenak são a pecuária, a agricultura, a pesca e a confecção de artesanato.

Em decorrência de sua história de dispersões, há indivíduos Krenak dispersos em diversas áreas indígenas, porém o grupo mais importante se situa em Vanuíre ( SP), juntamente com os Kaingang, na Área Indígena conhecida como 'Tupã", no interior de São Paulo.

A história dos Krenak é igual a tantas outras de outros povos indígenas: são perseguidos, escravizados, consumidos pelas doenças dos brancos , quase que totalmente exterminados nas "Guerras Justas", etc. Entretanto esse povo aguerrido venceu todas as expectativas de fazê-los desaparecer e eles hoje estão cuidando de seu próprio território, recuperando as matas e os córregos, devastados e poluídos, cantando e dançando em honra aos seus ancestrais.

Cantam de dia ou a noite, durante as festas e rituais em sua língua materna. É através do idioma nativo, passado de pai para filho dentro da aldeia indígena, que os Krenak estão aos poucos revivendo sua cultura que ficou adormecida por um longo período de suas vidas.

Grupos

Muitos foram os grupos indígenas denominados botocudos, devido ao uso de botoques labiais e auriculares, independentemente do ramo etno-lingüístico a que pertenciam.